quarta-feira, 2 de maio de 2007

O Retorno

Senti falta daqui. Um espaço assim onde eu consigo falar tudo o que me foge a cabeça no dia a dia, seja por esquecimento ou por falta de ouvintes especificamente interessados. É ainda um livro de viagens, mas, por que não?, vou incluir umas viagens que tenho feito no retorno ao Rio de Janeiro... àquele inferno que é o Rio... à Cidade Maravilhosa.
 
O que sentir pelo Rio de Janeiro? Calor, certamente. Já era o fim de abril quando pensei que nunca mais deixaria de suar. O aniversário da Bruna chegou e, graças a ela, dissipou a massa intergalática estática de ar fervendo que pousava sobre o estado. Também, o calor da gente. Não de todo mundo porque o carioca não está mesmo, como me havia alertado uma amiga, lá muito bem humorado. Calor de uma gente específica que tem transformado a minha agenda num sonho a que fui em busca lá em Nova York. Tardes com designers e jovens cineastas para a edição de uma revista, reuniões sobre um documentário, pequenas realizações cinematográficas, almoços com minhas ex-chefes, programas culturais e noites escolhidas a dedo. Noites fabulosas, literalmente.
 
Não é a cidade, diz a experiência, é o espírito. Mas aí de lembro do nascer do sol no Arpoador que eu e dois caros amigos presenciamos, e torna-se necessário reverenciar a cidade.
 
Quando não estou engajado em uma dessas atividades fabulosas, tenho passeado muito por aqui - Ipanema ou Copacabana - com a Shaia. Ipod nos ouvidos e óculos escuros, fico só observando o dia passar no rosto das pessoas. Estou cada vez mais sensível, entretanto, a ter que acorrentar a Shaia e levá-la feito uma prisioneira para um banho de sol. Fito seus olhinhos tristes, o pescoço arqueado pelo peso das correntes e tento dizer: "Não fui eu, meu amor, quem inventou isso... Foi ÊLE".
 
Daí começo a pensar NÊLE, cada vez com mais desprezo e cada vez mais frustrado por não ver a minha cadela correndo solta por aí. "Eu também uso uma dessas" repito, é claro, em pensamento. O desafio passa a ser, portanto, dar cabo DÊLE e das coleiras. Na esperança que eu ou Shaia não terminemos atropelados por um desses ônibus frenéticos.

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